Deixando a falsa modéstia de lado, publico carta que recebi da minha irmã Jandira. Ela a divulgou em seu grupo de estudos.
"Querido irmão,
Agora, quando o início da ditadura
militar, em nosso país, completa 50 anos, recordo-me de fatos da época.
A nossa pequena cidade fervilhava.
Eram tantos os esquerdistas, os comunistas, que o exército se fez presente.
Autoridades demitidas, outros fogem para o campo, pessoas detidas para
interrogatórios. Lembras do escudo do
nosso colégio? As armas de São Judas
Tadeu: foice e machado. A professora Lourdes teve que dar explicações.
Papai que era suplente de delegado ocupa o cargo, para desespero de mamãe, que
já vivia preocupada contigo. Tu partes, deixando tua família, três filhos, mais
um para chegar. E chega lindo, recebendo um nome russo: Wladimir. Não lembro
quanto tempo demoraste fora do país, mas imagino que a saudade devia ser grande
e dificuldades certamente existiram. Porém guerreiro como sempre fostes, soubeste
aproveitar este tempo para crescer e estudar. Até chegaste a poliglota!
Cinqüenta anos depois, a tua, a
nossa realidade modificou-se. Já criamos filhos, exercemos atividades
profissionais. Tu escreveste um livro e, hoje, somos do time dos aposentados.
Mas, certamente, ainda atuantes na vida.
Que continues a sonhar, a protestar,
a escrever, a ser quem tu és: um forte!
Abraços
de tua mana Jandira
Salvador,
maio, 2014".
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