quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Não temo opiniões divergentes. Assim, resolvi divulgar, aqui, artigo do jornalista Ali Kamel, com críticas ao socialismo real. Discordo da retórica contida no artigo e pergunto-me: "porque o jornalista não pinçou as mazelas do capitalismo, igualmente real e vivo?".

Leiam a seguir.

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O que ensinam às nossas crianças

Ali Kamel
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Não vou importunar o leitor com teorias sobre Gramsci, hegemonia, nada disso. Ao fim da leitura, tenho certeza de que todos vão entender o que se está fazendo com as nossas crianças e com que objetivo. O psicanalista Francisco Daudt me fez chegar às mãos o livro didático “ Nova História Crítica 8ª série” distribuído gratuitamente pelo MEC a 750 mil alunos da rede pública. O que ele leu ali é de dar medo. Apenas uma tentativa de fazer nossas crianças acreditarem que o capitalismo é mau e que a solução de todos os problemas é o socialismo, que só fracassou até aqui por culpa de burocratas autoritários. Impossível contar tudo o que há no livro. Por isso, cito apenas alguns trechos.
Sobre o que hoje é o capitalismo: “ Terras, minas e empresas são propriedade privada. As decisões econômicas são tomadas pela burguesia, que busca o lucro pessoal. Para ampliar as vendas no mercado consumidor, há um esforço em fazer produtos modernos. Grandes diferenças sociais: a burguesia recebe muito mais do que o proletariado. O capitalismo funciona tanto com liberdades como em regimes autoritários.”
Sobre o ideal marxista: “ Terras, minas e empresas pertencem à coletividade. As decisões econômicas são tomadas democraticamente pelo povo trabalhador visando o (sic) bem-estar social. Os produtores são os próprios consumidores, por isso tudo é feito com honestidade para agradar à (sic) toda a população. Não há mais ricos, e as diferenças sociais são pequenas. Amplas liberdades democráticas para os trabalhadores.”
Sobre Mão Tse-tung: “ Foi um grande estadista e comandante militar. Escreveu livros sobre política, filosofia e economia. Praticou esportes até a velhice. Amou inúmeras mulheres e por elas foi correspondido. Para muitos chineses, Mão é ainda um grande herói. Mas para os chineses anticomunistas, não passou de um ditador.”
Sobre a Revolução Cultural Chinesa: “Foi uma experiência socialista muito original. As novas propostas eram discutidas animadamente. Grandes cartazes murais, os dazibaos, abriam espaço para o povo manifestar seus pensamentos e suas críticas.
Velhos administradores foram substituídos por rapazes cheios de idéias novas. Em todos os cantos, se falava da luta contra os quatro velhos: velhos hábitos, velhas culturas, velhas idéias, velhos costumes.(...) No início, o Presidente Mão Tse-tung foi o grande incentivador da mobilização da juventude a favor da Revolução Cultural. (...) Milhões de jovens formavam a Guarda Vermelha, militantes totalmente dedicados à luta pelas mudanças. (...) Seus militantes invadiam fábricas, prefeituras e sedes do PC para prender dirigentes “politicamente esclerosados”.(...) A Guarda Vermelha obrigou os burocratas a desfilar pelas ruas das cidades com cartazes pregados nas costas com dizeres do tipo: “ Fui um burocrata mais preocupado com o meu cargo do que com o bem-estar do povo.” As pessoas riam, jogavam objetos e até cuspiam. A Revolução Cultural entusiasmava e assustava ao mesmo tempo.”
Sobre a Revolução Cubana e o paredão: “A reforma agrária, o confisco dos bens de empresas norte-americanas e o fuzilamento de torturadores do exército de Fulgêncio Batista tiveram inegável apoio popular.”
Sobre as primeiras medidas de Fidel: “ O governo decretou que os aluguéis deveriam ser reduzidos em 50%, os livros escolares e os remédios, em 25%.” Essas medidas eram justificadas assim: “ Ninguém possui o direito de enriquecer com as necessidades vitais do povo de ter moradia, educação e saúde.”
Sobre futuro de Cuba, após as dificuldades enfrentadas segundo o livro, pela oposição implacável dos EUA e o fim da ajuda da URSS: “ Uma parte significativa da população cubana guarda a esperança de que se Fidel Castro sair do governo e o país voltar a ser capitalista, haverá muitos investimentos dos EUA.(...) Mas existe (sic) também as possibilidades de Cuba voltar a ter favelas e crianças abandonadas, como no tempo de Fulgêncio Batista. Quem pode saber?”
Sobre os motivos da derrocada da URSS: “É claro que a população soviética não estava passando fome. O desenvolvimento econômico e a boa distribuição de renda garantiam o lar e o jantar para cada cidadão. Não existia inflação nem desemprego. Todo ensino era gratuito e muitos filhos de operários e camponeses conseguiam cursar as melhores faculdades. (...) Medicina gratuita, aluguel que custava o preço de três maços de cigarro, grandes cidades sem crianças abandonadas nem favelas... Para nós, do Terceiro Mundo, quase um sonho não é verdade? Acontecia que o povo da segunda potência mundial não queria só melhores bens de consumo. Principalmente a intelligentsia (os profissionais com curso superior) tinham (sic) inveja da classe média dos países desenvolvidos (...) Queriam ter dois ou três carros importados na garagem de um casarão, freqüentar bons restaurantes, comprar aparelhagens eletrônicas sofisticadas, roupas de marcas famosas, jóias. (...)
Karl Marx não pensava que o socialismo pudesse se desenvolver num único país, menos ainda numa nação atrasada e pobre como a Rússia tzarista.(...)
Fica então uma velha pergunta: e se a revolução tivesse estourado num país desenvolvido como os EUA e a Alemanha? Teria fracassado também?”
Esses são apenas alguns poucos exemplos. Há muito mais. De que forma nossas crianças poderão saber que Mão foi um assassino frio de multidões? Que a Revolução Cultural foi uma das maiores insanidades que o mundo presenciou, levando à morte de milhões?”
Que Cuba é responsável pelos seus fracassos e que o paredão levou à morte , em julgamentos sumários, não torturadores, mas milhares de oponentes do novo regime? E que a URSS não desabou por sentimentos de inveja, mas porque o socialismo real, uma ditadura que esmaga o indivíduo, provou-se não um sonho, mas apenas um pesadelo?
Nossas crianças estão sendo enganadas, a cabeça delas vem sendo trabalhada, e o efeito disso será sentido em poucos anos. É isso o que deseja o MEC? Se não for, algo precisa ser feito, pelo ministério, pelo congresso, por alguém.
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ALI KAMEL é jornalista (Chefe do Jornal Nacional)

Saiu no Jornal O Globo de 18/09/2007



quarta-feira, 26 de setembro de 2007


Lembranças

Às claras, na noite da minha tristeza, veio-me à memória
o dia em que te encontrei.

À minha solidão chegastes como a aurora de um amanhecer.

Juntos fizemos alegorias à felicidade e à vida.

Tínhamos um desencontro – eras o meu coração e eu o teu fígado.
Enquanto davas lógica à minh’alma, a mim cabia-me filtrar os teus humores...

Nossas dissonâncias, deglutíamos às escâncaras.

Fomos felizes até o instante em que à monotonia rendemos culto...

Nada mais me vem à lembrança senão dor pela tua perda, fígado que fui.


Juracy de Oliveira Paixão
Texto de frases de Juracy Paixão

O santo que queima incenso para si próprio não acredita nos milagres que faz.

A falsa modéstia é a mais grave das espécies de auto-louvor. Além de encerrar pretensão absurda, possui grande dose de hipocrisia.

Tanto existe beleza na melodia clássica, quanto no grito estridente da gralha. Tudo é uma questão de estado de espírito.

Quanto amarga é a doce vida de “o nada fazer”...

Se “a palavra é prata e o silêncio é ouro”, prefiro a pobreza sem metais nobres, mas com todos os ruídos ao meu redor.

A grande vantagem de ser autista - mas não a única – é a possibilidade de somente ouvir-se o que se quer.

A maior dor que se pode sentir é a de não se ter, jamais, a chance de sentir dor.

Possuir irmãos é como multiplicar os braços: sempre haverá um disponível para colaborar.

Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.

Morrer faz parte da vida.

Ah! A língua,
Que fala, que prova, que beija.
Como é útil e benfazeja.

A hiena quando ri, não só ri dos outros, mas ri de si. Como certos humanos.

Eximir-se de seus próprios erros, atribuindo-os a outrem, é dar prova cabal do hábito de errar.

Se não existissem os inimigos, que valor teria os amigos?

O pretensioso termina por destruir sua própria avaliação, na ânsia de se fazer destacar.

O casamento mal administrado é como perfume: no início tudo é extrato; com o hábito, torna-se mera lavanda; na monotonia final, não passa de desodorante.

Não se comunique de maneira que somente você escute suas palavras... Falar para todos é vender idéias que aperfeiçoam e enriquecem o conhecimento.

Aprender a ouvir sem interferir no raciocínio de quem fala, é a melhor prova de grandeza de espírito, humildade e sabedoria.

Ser sensível não é sentir. É fazer-se sentir.

Qual a dor maior?! Da mãe que perde o filho, ou a do filho que fica sem a mãe?

A dor da perda pode ser, no inconsciente, sinônimo de egoísmo.

Não me toque. Seu tocar me causa repulsa. Prefiro o barulho da sua fala à carga negativa do seu toque.

O auto-louvor enfraquece a legitimidade da citação

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Contestação
Juracy Paixão (Escrito em novembro de 2002)

Deus criou o Céu e a Terra, com seus rios, seus mares, suas florestas, suas montanhas.

Deus criou a Bondade, a Felicidade, a Caridade, a Paz, a Esperança, a Honestidade, a Alegria, o Perdão. Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança.

Deus criou a boca que abençoa e a mão que cura, criou o casal sem filhos que adota uma criança abandonada e a “mãe preta” que amamenta o filho da patroa. Deus criou o resignado que dá a outra face ao bofetão, o pobre que divide sua pobreza com o pedinte, o rico que financia obras de caridade sem pensar na dedução do imposto de renda. Deus criou os governos que resolvem os problemas de base... Deus criou todas as coisas!

Quem criou o inferno, com suas fogueiras, ferrões e diabos? Quem criou a poluição que contamina os rios e mares? Quem criou a devastação das matas que afeta o equilíbrio ecológico? Deus criou o Homem á sua imagem e semelhança.

Quem criou a boca que amaldiçoa e a mão que fere? Quem criou os pais que abandonam os filhos? Quem criou a escravidão que escravizou a “mãe preta”? E o inimigo que esbofeteia, quem criou? A miséria do pedinte não teve criador? Quem criou os carentes de caridade? Quem criou os governos que não governam? Quem criou a maldade, a infelicidade, a degradação, a guerra, o desespero, a desonestidade, a tristeza?

Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança.

domingo, 23 de setembro de 2007

Aristeu Nogueira, sinônimo de Cidadania.

Juracy de Oliveira Paixão
(escrito por ocasião do falecimento de Aristeu)

Amigos, parentes e a Internet me informaram da viagem derradeira de Aristeu. Recebida a notícia, abriu-se-me a lembrança para fatos dos Anos 50/60, quando as lutas sociais atingiram seu ápice no Brasil, que se redemocratizara – embora os ditos “guardiões da democracia” já articulassem novo e cruento golpe.

Aristeu, naqueles anos, era membro do Comitê Central do então PCB (Partido Comunista Brasileiro) na semi-legalidade e dirigente máximo da organização no Estado da Bahia. Seu escritório, sobre uma loja de sapatos da Avenida Sete, quase sob a proteção do Relógio de São Pedro, era o centro estratégico dos movimentos revolucionários na Bahia. Dali, Aristeu definia rumo para as greves e passeatas, acalmava radicais que pensavam no poder pela via do confronto, animava os que punham pouca fé na disposição reformista de Jango, distribuía instruções aos “funcionários do Aparelho" - aqueles que viviam do e para o Partido.

Naqueles anos, nenhuma força política progressista julgava-se capaz de dispensar a participação do PCB em qualquer ação pública, fosse ela uma simples passeata de estudantes secundaristas ou o mais radical avanço das Ligas Camponesas.

Aristeu, com seu jeito maroto de sorrir sisudo, sabia reconhecer no mais humilde companheiro o mérito revolucionário. Punha, contudo, - leal e fiel homem de partido que era - a organização partidária acima de posições, importâncias e conveniências. A ele aplicava-se, sem perda de vírgulas, a afirmativa de Bertolt Brecht: “Mostre-nos o caminho a tomar que nós o seguiremos com você, mas não tome o caminho certo sem nós. Sem nós, este é o mais falso dos caminhos”.

Sobrevivente sofrido dos anos de chumbo, Aristeu agasalhou-se em seu Irará, talvez atraído pela imagem do velho sobrado dos Nogueira. Em sua cidadezinha voltou à faina do Direito, opção da juventude e porta escancarada que o conduziu ao caminho político escolhido. Faleceu como viveu: na humildade, na lealdade, na solidão – mas comunista de quatro costados.

Soube que ao seu funeral apenas compareceram familiares, alguns poucos amigos e um ou outro cidadão conterrâneo, além de colegas do Direito. A elite (falida e hipócrita) da cidade ignorou sua marcha final. Os políticos de ocasião – aqueles que ainda julgam ter o comando dos cabrestos - puseram venda nos olhos. Os primeiros, certamente, marcaram ausência pela discriminação que sempre dedicaram aos comunistas declarados; os segundos, por julgarem que “Aristeu não tem votos”.

Aristeu foi feliz neste seu último momento: desceu seus sete palmos sem a presença hipócrita da falsa elite e sem as lágrimas de crocodilo dos supostos donos do poder. Desceu seus sete palmos para, em novo aparelho, encontrar-se com Raul Cruz, com Pedro de Tiano, com Lenine e com Karl Marx, a fim de discutirem sobre uma nova tese que logo será o dilema dos que permanecem vivos: “a Revolução se dará, mesmo que, para tanto, as décadas se sucedam”. Quando chegar a hora, serão aristeus, lenines e semelhantes que estarão à frente da ação e da marcha, priorizando aquilo que a pretensa elite e os falsos políticos mais abominam: a Cidadania.






sábado, 22 de setembro de 2007

Paráfrases

Juracy Paixão (22/09/2007)

Eu sou eu mais as minhas circunstâncias” – Ortega y Gasset.

Nosso “modus-vivendi” é definido pela nossa forma de atuação na sociedade. Tal procedimento molda nossas vontades não só em função dos nossos desejos, mas e principalmente como decorrência dos que nos cercam e das variantes que os fatos vão nos abrindo a cada momento. Somos seres sociais e mutantes.



Se um homem não acerta o passo com os seus companheiros, talvez ele esteja escutando um tambor diferente”. Henry Thoreau.

Cada pessoa tem, na vida, seu período de seguir e de se fazer seguir. À medida que definimos nossa personalidade, vamos buscando nossos próprios caminhos, delineando nosso horizonte e objetivos. Pode-se viver em equilíbrio com o meio onde se está sem ser soldado de batalhão, que só marcha de acordo com o dobrado. Viver é abrir caminhos.
Pequenos textos

Juracy Paixão (22/09/2007)

A afirmação do óbvio tem como essência a capacidade de abusar até da paciência de Jó. Tal atitude nada mais é do que a absoluta inexistência de idéias próprias, capazes de alimentar a criatividade.

Tenho a impressão de que, ao contrário da “lenda da caverna”, saí da luz para a escuridão. Estou me sentindo como um louco colocado entre normais que não o hostilizam, mas não o deixam expressar sua loucura.

Há dois tipos de indivíduos: os que fazem muito, mas avaliam de pouco valor o muito que fazem (por isso mesmo, seus trabalhos são de extrema importância, pois o fazem com humildade e perfeição) e os que nada constroem, mas acham que são a razão de ser, mesma, da sociedade. Esses, cedo estarão esquecidos, já que nem rastros deixam.

A essência da educação de hoje vive tão alheia à essência da vida profissional que, de essência em essência, descobrimos que não há essência no que aprendemos, até porque nada aprendemos, se essência não há.

As vagas se sucedem sem nada acrescentarem ao mar, nem mesmo a areia que da praia retiram, devolvida que é pela vaga sucessora. As vagas nada mais são do que a ânsia do mar em se mover, mesmo que seja apenas para ir à frente e retornar.
Semelhante às vagas do mar é a vida de quem nada constrói, nem que seja um simples castelo de areia.
Desmanchando Skidmore

Juracy Paixão (12/04/06)

Na entrevista que o dito “brasilianista” Thomas Skidmore “concede” à revista Amanhã, constata-se que ele pode ter começado a estudar o Brasil há 37 anos, mas não levou muito tempo nessa pretensa tarefa. Como soe acontecer a outros “estudantes” similares, ”colou” material dos ”coleguinhas”, confundiu “bode com ovelha” e não chegou a lugar algum. Melhor, chegou ao esgoto da prepotência arrogante que tanto adjetiva os americanos ditos ”intelectuais”.

O tal “brasilianista” concentra sua atenção no combate ao Governo Lula, com base nas falcatruas e desastres ora em evidência: é “cola” pura para prova elementar. “Colou” da oposição sem nada acrescentar ao discurso. Afinal, todos nós sabemos o que se passa (e o que sempre se passou), aqui e alhures...

A corrupção que grassa na política nacional é um mero diminutivo da vera corrupção que flagela as estruturas políticas dos governos americanos desde os tempos de Roosevelt. No Governo Bush, a imprensa (sempre a imprensa...) a cada dia acrescenta um escândalo novo ao longo rol já existente.

O “brasilianista” de araque menciona os “benefícios” que o poder político brasileiro concede ao mundo empresarial, mas parece ignorar que a política americana é estruturada sobre os “benefícios” concedidos aos conglomerados locais (concessão ou fruto de exigências???).

Falar dos golpes que abalaram a nossa democracia sem mencionar que por trás de todos eles sempre esteve o Departamento de Estado é hipocrisia do mais alto grau, para não afirmar arrogância disfarçada.

A democracia brasileira tem a cara da ”democracia brasileira”. A democracia americana – com seus dois partidozinhos de merda – tem a cara da hipocrisia, da prepotência e do “vamos fazer de conta...”. Afinal, Bush (ou a Bucha?) foi empossado após obter menos votos que Al Gore e como conseqüência de fraude na apuração do colégio eleitoral da Flórida.

Se o eleitor brasileiro busca um “salvador da pátria”, o que busca o eleitor americano? Um algoz para os seus ditos inimigos ou um fantoche para apresentar o discurso do momento, redigido pelo conglomerado econômico que o apoiou? Quem sabe, as duas faces??!!

Seria ótimo para o Brasil que os verdadeiros brasilianistas fizessem a prova sem colar e com respostas subjetivas e textuais, no lugar do tradicional A, B, C, D, E.

O título da reportagem- “O povo que não sabe eleger” – aplica-se à perfeição ao povo americano.
A Rima de Tortura


Tortura tem rima?
Tortura não rima?

Que amargura !
Será essa a rima de tortura?
Ou será agrura?

Não, nada rima com tortura,
Nem com torturador.
Ou será Tortura...Dor?

Bahia de todos os quartéis,
Por Todos os Santos,
O que deixastes fazer em teus porões!!??

Quem desempenhou tais papéis??
Quem entrou, quantos,
Por teus portões!!??

Torturador que traz crucifixo
Causa mais dor;
Pensa que vinga
O sofrimento do Salvador.

O que usarei hoje?
Escolhe o torturador...
“Cunhas nas unhas?
Palmatória com tachinhas?
Choques no pau-de-arara?
Cabeça mergulhada no balde d’água?
Spray de pimenta nos olhos?
Ou será alicate?”

Comunismo rima com cristianismo;
Por quê tortura
Não rima com amargura, ou agrura!!??

Pode o torturado,
Na sua infinita dor
Perdoar seu torturador?

Se cabe o perdão,
Esse será continuado,
A cada lembrança que tenha, então,
Da tortura o torturado.

Tortura não rima,
A não ser com torturador.

Juracy Paixão
17.02.2004
Fortaleza/CE