sábado, 8 de dezembro de 2007

Novo texto de (des)Artes & Textos


Mandalas há

“Mandala significa círculo em sânscrito. As técnicas de construção de mandalas fazem parte do aprendizado dos monges tibetanos, incluindo a memorização dos textos que especificam os nomes, proporções e posições das linhas principais que exprimem a estrutura básica das mandalas. Estas são, muitas vezes, constituídas por uma série de círculos concêntricos cercados por um quadrado que, por sua vez, é cercado por outro círculo. O centro da mandala representa a essência.”...Na suprema experiência da mandala, as cores e formas são simples metáfora.”... “A união do quadrado – enquanto símbolo da matéria finita – com o círculo – enquanto símbolo da unidade infinita - corresponde ao umbral de uma outra dimensão.”... “O átomo, o cérebro humano, o sistema solar, a via láctea podem ser visualizados como estruturas de mandalas de diversos níveis de hierarquia cósmica.”

Os trechos acima, entre aspas, vieram de diversos sites da Internet, ela mesma uma grande mandala virtual.

Os sistemas político-econômicos que exerceram e exercem sua influência e poder nas diversas partes do mundo são mandalas teóricas, umas a oferecer benesses futuras e duvidosas em troca da labuta atual e certa; outras, de veio científico no estudo da evolução social, se viram transformadas em fatos da história que passou. Deu-se isso com o Socialismo Real, que propunha alcançar o Comunismoo Estado Perfeito - no qual o próprio Estado não existiria como entidade, enquanto as pessoas se interligariam e se interdependeriam.

Sabendo como é egoísta a raça humana, podemos dizer que estaríamos, no Comunismo, diante de uma mandala materialista a oferecer o inalcançável, ao menos enquanto o egoísmo se fizesse presente.

Voltemo-nos, então, para o Capitalismo Real. O que encontramos? Uma hipócrita pregação em favor do Direito Comum (mas usurpado pelos poderosos), da Liberdade Plena (mas restringida por credos e medos). Diz oferecer Vida Livre e Benfazeja, mas de que vida está a falar? A dos assassinos? A dos pedófilos? A dos estupradores? A dos traficantes? A dos genocidas? A dos racistas ou a da grande maioria de seres desvalidos que crescem na miséria e morrem à míngua, observados pelas Luzes da Civilização?

Mandalas há: umas a oferecer o Imponderável, outras o Impossível e mais outras o Indesejável.

Juracy de Oliveira Paixão (Março de 2005).

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