sábado, 8 de dezembro de 2007

Somos todos brasileiros?


Baiano residente em Fortaleza desde 1983 e casado com cearense do alto sertão, sinto-me como se fosse, eu também, cearense de raiz. Orgulho-me em morar nessa bela urbis, tão decantada em prosa e verso. Contudo, não perdi meus amores pela Bahia, terra natal. Ofendo-me, bairrista que sou, sempre que vejo comentários desairosos sobre a Bahia, tal como me sinto quando esses comentários são sobre o Ceará.

Faz algum tempo, “O Povo” publicou artigo da jornalista Patrícia Karam, intitulado “Ladeira abaixo”, no qual a articulista faz menção à Bahia e aos baianos de forma bastante depreciativa. Em certo trecho de seu artigo ela escreve: “... - e olha que o nível... ainda é mais baixo que o da baianada.”. Segundo o “Aurélio”, baianada vai de fanfarrice, passa por impostura e chega a patifaria.

O artigo comenta o Fortal e seus ritmos abaianados, evento que eu também abomino. Apenas, poderia a articulista fazer todas as críticas possíveis sem se dar ao papel quase xenófobo de criticar a Boa Terra, até porque agir assim é o mesmo que culpar, por exemplo, a nós baianos, pelos tempos de ACM, como se em cada rincão desse país não existissem outros acms.

Em outro trecho de seu artigo, menciona a jornalista que os grupos baianos copiam, “sem escrúpulos”, a coreografia dos “bailes funks cariocas”. Imaginemos os paulistas começando a espalhar que o cancioneiro do sertão cearense copia as modinhas rurais do interior paulista!!!!

Sou leitor assíduo dos dois grandes jornais fortalezenses. Deixei de ler a coluna da Regina Marshall porque, com freqüência, e por causa de qualquer me dá aquela palha, ela atacava de máfia do dendê e outras xenofobiazinhas, referindo-se à Bahia e aos artistas baianos.

Também não gosto de axé-music, como não aprecio falso forró. Sou fã do abará e do acarajé tanto quanto da rapadura e do baião-de-dois. Mas, o que amo, mesmo, é a escrita independente, quando ética e sem ranços.

A dar-se espaço e vazão a manifestações de timbre xenófobo, com o passar dos anos fatalmente proliferará em nosso país movimento separatista, com as regiões ricas de um lado e as pobres de outro - nesse último, baianos e cearenses igualados pela discriminação.

Nota: Não consegui que "O Povo" publicassse esse meu artigo.

Juracy de Oliveira Paixão

Um comentário:

Roberto Martins disse...

"O Povo" publico seu artigo, mas ele tá aqui na net, pra todo o povo ler...
Bela crítica Juracy. É preciso mesmo saber separar o jóio do trigo e sem discriminações.

Abs !!