quarta-feira, 11 de maio de 2016

Ah, Se  Eu Fosse...

Ah se eu fosse
Batata-doce...
Enraizar-me-ia pelas redondezas,
Para tornar as formigas
Obesas.
Cozida,
Seria regalia
Para a maioria.
Assada e moída,
Poderia passar por cocada.
Irararaense de nascença,
Iria até Valença 
Servir de tira-gosto na  cachaçada.
Marcharia
De Irará até  
Coração-de-Maria,
Passando pelo Pedrão,
Onde faria o papel de Pão.
Em Bento-Simões 
Somente valeria dois tostões,
Devido à fartura.
Que amargura....
Logo eu, tão adocicada,
Custaria quase nada
Na terra dos "Dois Leões".
Em Água Fria
Algo eu valeria...
Havendo pouco,
Seria um sufoco.
No Distrito de Quaresma 
Só me achariam na feira.
Afinal, não  sou lesma
Para servir de anzoleira.
Em Ouriçangas
Seria um sucesso.
Depois, dentro das capangas,
Iria até  Alagoinhas,
Já  no caminho da capital.
E, afinal,
Sendo vista como iguaria,
Alcançaria a Velha Bahia,
Terra de Todos-Os-Santos.
Lá, para toda a freguesia
Da Cidade Alta e Baixa,
Eu seria como mantos
Que nos rostos de encaixam
A acalentar os prantos
Dos que não têm alegria.
Ah, se eu fosse
Batata-Doce..
Ou, quem sabe...
Rapadura...

Que doçura.

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