quarta-feira, 11 de maio de 2016

Somos todos brasileiros?


Baiano residente  em  Fortaleza desde 1983, e casado com cearense do  alto sertão, sinto-me como se fosse, eu também, cearense de raiz. Orgulho-me em morar nessa bela urbis, tão decantada em prosa e verso. Contudo, não perdi meus amores pela Bahia, terra natal. Ofendo-me, bairrista que sou, sempre que vejo comentários desairosos sobre a Bahia, tal como me sinto quando esses comentários são sobre o Ceará.

No dia 22 de julho do corrente ano, “O Povo” publicou artigo da jornalista Patrícia Karam, intitulado “Ladeira abaixo”, no qual a articulista faz menção à Bahia e aos baianos de forma bastante depreciativa. Em certo trecho de seu artigo ela escreve: “...- e olha que o nível... ainda é mais baixo que o da baianada.”.  Segundo o “Aurélio”, baianada  vai de fanfarrice, passa por impostura e chega a patifaria.

O artigo comenta  o novo Fortal,  evento que eu também abomino, e destaca a agressão sofrida pelos moradores da Beira Mar durante tal evento ( com o que também concordo). Apenas, poderia a articulista fazer todas as críticas possíveis sem se dar ao papel quase xenófobo de criticar a Boa Terra, até porque agir assim é o mesmo que culpar, por exemplo, a nós baianos, pela existência de ACM,    como se em cada rincão desse país não existissem outros acms.

 Em outro trecho de seu artigo, menciona a jornalista que os grupos baianos copiam , “sem escrúpulos”, a coreografia dos “bailes funks cariocas”. Imaginemos os paulistas começando a espalhar que o cancioneiro do sertão cearense copia as modinhas rurais do interior paulista !!!!

Sou leitor assíduo dos dois grandes jornais fortalezenses. Deixei de ler a coluna da Regina Marshall porque, com freqüência, e por causa de qualquer me dá aquela palha, ela atacava de máfia do dendê e outras xenofobiazinhas, referindo-se à Bahia e aos artistas baianos.

Também não gosto de axé-music, como não gosto de falso forró. Aprecio o abará e o acarajé  tanto quanto adoro a rapadura e o baião-de-dois.  O que amo, mesmo, é  a escrita independente, quando  ética e sem ranços.

A dar-se espaço e vazão a manifestações de timbre xenófobo, com o passar dos anos fatalmente proliferará em nosso país movimento separatista, com as  regiões ricas de um lado e as pobres de outro - nesse último, baianos e cearenses igualados pela discriminação.



Juracy de Oliveira Paixão 

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