quarta-feira, 11 de maio de 2016

O Salário

                                                                                                                     Juracy Paixão


O Salário é uma das instituições básicas da Economia, através da qual a riqueza circula. O conceito de salário varia em função da estrutura econômica e das fases de desenvolvimento econômico. Na Sociedade Primitiva, o próprio processo de troca de produtos anulava a necessidade de salário, vez que ainda não havia surgido a Mão-de-Obra como mercadoria. Com a introdução do Regime Escravagista e com os primeiros prelúdios da Estrutura Capitalista, o salário surge sob uma forma encoberta: ao escravo paga-se com alimentação (apenas o suficiente para mantê-lo em condições de trabalhar), ao servo-da-gleba cabe uma ínfima parcela da colheita. É com o surgimento do Capitalismo Industrial que o salário assume seu caráter de Instituição. A proletarização crescente das massas trabalhadoras e a concentração dos meios de produção nas mãos de um grupo reduzido de Capitalistas fazem com que aqueles, para sobreviverem, vendam a estes a sua Força-de-Trabalho. Para que tal mercadoria pudesse ser comprada, era necessário fixar-lhe um preço. Neste caso, como em todos, a Lei da Oferta e da Procura foi a determinante desse preço: quanto mais proletários houvessem necessitando trabalhar e quanto menos trabalhadores necessitassem os capitalistas, tanto mais barata seria a mercadoria Força-de-Trabalho. Por outro lado, quanto mais aperfeiçoado fosse o trabalho a ser vendido e quanto mais delicada fosse a tarefa a ser realizada, tanto mais caro seria o preço a ser pago pelo Capitalista ao Proletário.

Com o aperfeiçoamento e desenvolvimento do Capitalismo, a Política Salarial passou a ser norteada no sentido de aumentar para o Capitalista a Mais Valia, ou seja, aquela parte do Valor do Trabalho que fica com o capitalista na forma de Mercadoria Produzida.

Um dos aspectos nefastos da Política Salarial em voga é a alienação do Ser Humano em relação ao trabalho como objetivo - o trabalhador não trabalha para aumentar a riqueza social, mas para obter o ganho necessário, e mínimo, para sua sobrevivência. Não são poucos os estudiosos sociais a condenarem este aspecto alienador do trabalho. No século passado, o grande filósofo alemão Karl Marx dizia, no seu tratado “Das Kappital”: “ A alienação do Homem em relação ao Trabalho leva a que este seja visto como criação do diabo, escondendo, assim, da multidão o caráter cínico da exploração capitalista através do trabalho assalariado”.

Assim é o Salário, este nosso grande inimigo.


                                                                       Publicado em “O Manacá

                                                                       Valença/Bahia (Mai/71)

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