O Salário
Juracy Paixão
O Salário é uma das instituições
básicas da Economia, através da qual a riqueza circula. O conceito de salário
varia em função da estrutura econômica e das fases de desenvolvimento
econômico. Na Sociedade Primitiva, o próprio processo de troca de produtos
anulava a necessidade de salário, vez que ainda não havia surgido a Mão-de-Obra
como mercadoria. Com a introdução do Regime Escravagista e com os primeiros
prelúdios da Estrutura Capitalista, o salário surge sob uma forma encoberta: ao
escravo paga-se com alimentação (apenas o suficiente para mantê-lo em condições
de trabalhar), ao servo-da-gleba cabe uma ínfima parcela da colheita. É com o
surgimento do Capitalismo Industrial que o salário assume seu caráter de Instituição.
A proletarização crescente das massas trabalhadoras e a concentração dos meios
de produção nas mãos de um grupo reduzido de Capitalistas fazem com que
aqueles, para sobreviverem, vendam a estes a sua Força-de-Trabalho. Para que
tal mercadoria pudesse ser comprada,
era necessário fixar-lhe um preço. Neste caso, como em todos, a Lei da Oferta e
da Procura foi a determinante desse preço: quanto mais proletários houvessem
necessitando trabalhar e quanto menos trabalhadores necessitassem os capitalistas,
tanto mais barata seria a mercadoria Força-de-Trabalho. Por outro lado, quanto
mais aperfeiçoado fosse o trabalho a ser vendido e quanto mais delicada fosse a
tarefa a ser realizada, tanto mais caro seria o preço a ser pago pelo
Capitalista ao Proletário.
Com o aperfeiçoamento e
desenvolvimento do Capitalismo, a Política Salarial passou a ser norteada no
sentido de aumentar para o Capitalista a Mais
Valia, ou seja, aquela parte do Valor do Trabalho que fica com o
capitalista na forma de Mercadoria Produzida.
Um dos aspectos nefastos da
Política Salarial em voga é a alienação do Ser Humano em relação ao trabalho
como objetivo - o trabalhador não trabalha para aumentar a riqueza social, mas
para obter o ganho necessário, e mínimo, para sua sobrevivência. Não são poucos
os estudiosos sociais a condenarem este aspecto alienador do trabalho. No
século passado, o grande filósofo alemão Karl Marx dizia, no seu tratado “Das
Kappital”: “ A alienação do Homem em relação ao Trabalho leva a que este seja
visto como criação do diabo, escondendo, assim, da multidão o caráter cínico da
exploração capitalista através do trabalho assalariado”.
Assim é o Salário, este nosso
grande inimigo.
Publicado
em “O Manacá”
Valença/Bahia
(Mai/71)
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