Pedro de Tiano, Comunista da Velha Guarda
Juracy de Oliveira Paixão
Idos dos Anos 60. O Partido Comunista Brasileiro (PCB), na semi-legalidade, possuía ativo
diretório no Município de Irará, no
qual se destacavam Raul Cruz – o
Intelectual e Pedro de Tiano – o Homem
das Massas. Enquanto Raul
sobressaia-se por sua capacidade de interpretar Lênin, Marx e Engels,
transmitindo aos seus camaradas os ensinamentos dos Clássicos do Marxismo, Pedro dava lições de como “falar
ao povo usando a linguagem do povo”.
Pedro Ferreira da Silva entrou para o Partido
pelas mãos de Tertuliano Teixeira (o
Tiano
do Depósito) com quem trabalhava. Um dia, a Direção Estadual do PCB resolveu encarregar Tertuliano da tarefa de organizar o Partido nas regiões de
influência da Petrobrás no Recôncavo e ele se foi, deixando duas vagas para Pedro assumir: a do apelido e a do Diretório.
Naqueles
anos, ser comunista conhecido e oficial era um ato de heroísmo, não somente
pelas perseguições promovidas pelas forças da repressão estatal mas, também,
pelos estigmas que entidades como a Igreja Católica impunha aos ditos vermelhos.
Muitas vezes, até os familiares do comunista o combatiam, dificultando-lhe a
vida. Ao menos, Pedro teve sorte com
seus familiares: desde o sogro João
Pechincha até os irmãos mais velhos e mais moços, todos eram membros
ativos do Partido e deles o camarada
Pedro recebia todo o apoio e
cobertura.
Pedro
de Tiano revelou sua suprema audácia e coragem quando, em plena
ditadura militar, deu guarida e refúgio nas Terras do Manã a Percílio dos Santros, líder das Ligas Camponesas na Bahia, então caçado por carrascos de farda
e por jagunços de latifundiários. Percílio
sobreviveu aos anos de chumbo graças
ao apoio de Pedro de Tiano e de outros que, como ele, souberam honrar os
ensinamentos de Lênin.
Irará tem filhos ilustres dos quais pode se
orgulhar. Pedro merece destaque
nessa constelação.
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