quarta-feira, 11 de maio de 2016

O parque do gado

Não, caros leitores, não vou escrever sobre rodeios, vaquejadas ou leilão de bois. Meu tema é o Parque do Cocó, em seu trecho que fica na lateral da Avenida Eng. Santana Júnior.
Lá, diariamente e desde julho do ano passado, pasta um rebanho de bovinos  (cerca de 25 cabeças), das 10 às 12:30 h. Não se trata de um rebanho qualquer. Este é organizado, com aboiador e vaqueiro, ambos a cavalo de bom porte. Afinal, para se ter um parque como pasto é preciso estrutura e organização. O caminho da marcha é tranqüilo: cruza-se a  Avenida Sebastião de Abreu por baixo da ponte, contorna-se a clareira central, corta-se o matagal da esquerda e lá está o bom pasto, às margens do riacho e do campo de futebol. Quando as vacas se encontram em dia de fofoca, dirigem-se até as margens do cruzamento da Avenida Santana Júnior com a Avenida Antônio Sales e lá podem saber das notícias do dia, num bom papo com os dois policiais fardados que ali permanecem a ler jornal. O vaqueiro e o aboiador, esses repousam nas sombras frondosas ao lado do campo de futebol, enquanto seus garbosos cavalos cochilam, tendo os cabrestos amarrados a um toco de pau, também em boa sombra.

Quando, nos idos de julho de 2003, avistei o rebanho pela primeira vez a partir da janela do meu apartamento, ousei, por dias seguidos, telefonar para os órgãos que julgava serem responsáveis pela guarda e preservação do Parque, como a Cia. de Polícia Ambiental e o IBAMA, mas perdi meu tempo. Na primeira, nunca havia viatura disponível no momento dos telefonemas (mas preencheram uma ficha da ocorrência). No segundo, o funcionário que atendia sempre dizia que estava fora da hora do expediente. Um dia, conversando com um motorista de taxi, esse me sugeriu entrar em contato com o programa ”Barra Pesada. Não cheguei a tanto. Arrependo-me.

Utilizando-se um binóculo, pode-se constatar que o rebanho está sadio e gordo, o que nos leva a concluir que mato de parque é excelente ração.

Em um certo sábado, por volta das dez horas da manhã, o rebanho foi tocado para a área do Parque onde existe o palco e o calçadão da Avenida Pe. Antônio Tomás. Algumas vacas se desgarraram e invadiram a pista da avenida. Por pouco não houve um acidente. Será que teria sido melhor se houvesse?! Talvez assim alguém além de mim se interessasse pelo caso.

Certo dia, ousei perguntar a um dos guardas que “vigiam” a área do palco por quê nada se fazia para evitar o uso do Parque como pasto. Ouvi como resposta: ”fazer o quê, senhor?! Deixa as vacas aí, que elas não estão incomodando a ninguém”. Eu acho que o guarda estava certo. Afinal, para que serve um parque na cidade!? Se é permitido construir-se edifícios em seu entorno, por quê não pode o gado comer seu mato!?

O dono do rebanho? .Não sei quem é, mas, com absoluta certeza é alguém com costas muito largas e nível zero de cidadania.

      Juracy de Oliveira Paixão 

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