quarta-feira, 11 de maio de 2016

VEJA

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Senhor Redator,


Assíduo leitor do Roberto Pompeu de Toledo,  sempre o tive como o parâmetro certo do bom jornalismo, aquele voltado para a ética e a cidadania, sem prejuízo da informação concisa, do comentário correto e pensado. Para minha surpresa, no ensaio dessa semana (Veja nr. 1703), intitulado “Notas para um dicionário brasileiro de política”, o ensaísta demonstrou, salvo melhor juízo, posições discriminatórias, cheias de ironia que pesam pela ausência (momentânea) de equilíbrio no ato de escrever para a sociedade. Ressalvo, desde já, que essa ocorrência isolada não me afastará do hábito de lê-lo semanalmente.

Observe-se o que está dito no texto mencionado, sobre o estado da Bahia: “ Estado brasileiro que, não fosse a anomalia ortográfica representado pelo “h” sem função fonética ...... A sina da Bahia tem sido a de chegar perto.”

Sabe muito bem o grande ensaísta que nomes históricos, geográficos e, mesmo, nomes pessoais, não estão necessariamente obrigados ao rigor da ortografia oficial.

Bahia sem o “h” seria uma baia qualquer, mero acidente geográfico, tal como seria o Rio de Janeiro sem o “Janeiro” (embora seja o Rio rio de todos os meses...).
Imagine-se  o Kubitschek do mineiro  Juscelino sem o “ts”: muda na pronúncia, faz essa junção de consoantes parte integrante do nome tão querido de tantos brasileiros ( em que pese a divida externa gerada pela construção de Brasília...).

Apesar da ironia discriminatória presente na frase “ A sina da Bahia tem sido a de chegar perto.”,  o escrito me dá a satisfação de ver que a sina, na verdade, tem sido do Brasil em não ter merecido um presidente baiano,  o qual, certamente, não teria conduzido o país para a situação de mero cumpridor de deveres estabelecidos pelos organismos internacionais, e nem deixaria que iniciássemos o terceiro milênio nas trevas reais do apagão anunciado aos quatro ventos.

Quem sabe não sejamos nós, eleitores dos tempos da República, menos capazes do que aqueles que escolhiam os políticos maiores na época do Império...

Teria sido o ensaísta menos infeliz se, no lugar dos comentários discriminatórios em relação à Bahia, mencionasse  FHC na sua lista de siglas, item esse  que será por muito tempo lembrado como sinônimo de desgoverno, despotismo e submissão ao neo-liberalismo.


Juracy de Oliveira Paixão  ( com a anomalia do “y” )


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