VEJA
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Paulo/SP
Senhor Redator,
Assíduo leitor do Roberto Pompeu de Toledo, sempre o tive como o parâmetro certo do bom
jornalismo, aquele voltado para a ética e a cidadania, sem prejuízo da
informação concisa, do comentário correto e pensado. Para minha surpresa, no
ensaio dessa semana (Veja nr. 1703),
intitulado “Notas para um dicionário
brasileiro de política”, o ensaísta demonstrou, salvo melhor juízo, posições discriminatórias, cheias de ironia que
pesam pela ausência (momentânea) de equilíbrio no ato de escrever para a
sociedade. Ressalvo, desde já, que essa ocorrência isolada não me afastará do
hábito de lê-lo semanalmente.
Observe-se o que está dito no texto mencionado, sobre o
estado da Bahia: “ Estado brasileiro que,
não fosse a anomalia ortográfica representado pelo “h” sem função fonética
...... A sina da Bahia tem sido a de chegar perto.”
Sabe muito bem o grande ensaísta
que nomes históricos, geográficos e, mesmo, nomes pessoais, não estão necessariamente obrigados ao rigor da ortografia
oficial.
Bahia sem o “h” seria uma baia qualquer, mero acidente
geográfico, tal como seria o Rio de Janeiro sem o “Janeiro” (embora seja o Rio rio de todos os meses...).
Imagine-se o Kubitschek do mineiro Juscelino sem o “ts”: muda na pronúncia, faz
essa junção de consoantes parte integrante do nome tão querido de tantos
brasileiros ( em que pese a divida externa gerada
pela construção de Brasília...).
Apesar da ironia discriminatória presente na frase “ A sina da Bahia tem sido a de chegar perto.”,
o escrito me dá a satisfação de ver que a sina, na verdade, tem sido do
Brasil em não ter merecido um presidente baiano, o qual, certamente, não teria conduzido o
país para a situação de mero cumpridor de deveres estabelecidos pelos
organismos internacionais, e nem deixaria que iniciássemos o terceiro milênio
nas trevas reais do apagão anunciado
aos quatro ventos.
Quem sabe não sejamos nós, eleitores dos tempos da República,
menos capazes do que aqueles que escolhiam os políticos maiores na época do
Império...
Teria sido o ensaísta menos infeliz se, no lugar dos
comentários discriminatórios em relação à Bahia, mencionasse FHC
na sua lista de siglas, item esse que
será por muito tempo lembrado como sinônimo de desgoverno, despotismo e
submissão ao neo-liberalismo.
Juracy de Oliveira Paixão
( com a anomalia do “y” )
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