Fortaleza, 25 de março de 2.002
Prefeitura Municipal de Canudos
Canudos – Bahia
Exmo. Senhor
Prefeito,
No mês corrente, em viagem pelo interior da Bahia, estado
onde nasci, incluí no meu roteiro a cidade de Canudos.
Motivou-me essa inclusão o desejo de visitar as terras do Conselheiro,
figura impar na história pátria, ainda a merecer estudo mais esclarecedor.
Baseado na cidade de
Euclides da Cunha, parti para Canudos
na manhã de oito do corrente, em companhia da minha esposa. Nossa primeira surpresa,
boa e bela, foi a revoada de pássaros no trecho de estrada antes de
Bendegó, sobre a caatinga verdejante.
Chegamos a Canudos por volta das 10 horas da manhã, e logo
nos pusemos a procurar um guia que nos conduzisse pelas paragens históricas. Nossa
segunda surpresa foi decepcionante:
Não havia guia, não havia folhetos explicativos, nada existia que pudesse ser
utilizado por quem, chegando àquelas paragens, tão longe e tão conhecidas,
precisasse de alguma informação.
Buscamos a agência dos Correios,
onde nos sugeriram ir ao Museu
Popular. Lá, a funcionária se
limitou a abrir uma sala onde alguns objetos estavam distribuídos em estantes
mal cuidadas, sem nenhuma identificação. Aquela funcionária – pobre mocinha
despreparada – não sabia dar, sequer, uma informação mais concisa sobre os
pontos históricos.
Dirigimo-nos ao Memorial, que se encontrava fechado,
embora fosse, já, 11 horas da manhã. Não havia ali ninguém para, sequer, dizer
um Bom Dia.
Temeroso de perder a viagem longa e cansativa, resolvi
telefonar para a Prefeitura. Atendido por uma funcionária, fui posto em contato com alguém que se identificou como
Secretário
de Educação e Cultura. Pedi-lhe que me indicasse um lugar onde pudesse
obter um guia e sua resposta foi: “Guia, aqui, não há. Lamento muito não poder
lhe ajudar”.
Resolvemos apelar para a boa vontade dos transeuntes, o que
resultou por ficarmos informados de que
podíamos ir á parede do açude, visitar o Morro do Conselheiro
e nada mais. Fizemos esse roteiro, na falta de outra opção.
Na volta, nossa terceira surpresa, e boa: achamos a entrada do Parque Estadual, onde um funcionário
zeloso nos deu algumas orientações. Pena que ele, sozinho, não nos pôde
acompanhar na visita que fizemos ao local. Ali também faltava um folheto de
orientação.
Exmo. Senhor
Prefeito, é
por demais sabido que uma das atividade econômicas que mais crescem atualmente
é a do turismo. Essa atividade, Senhor Prefeito, exige pouco investimento
material, visto que pode ser incrementada com o uso dos recursos humanos e
naturais de cada região. Num sítio
histórico importante como Canudos,
todos poderiam lucrar se uma estrutura mínima de recepção ao visitante fosse
montada, com o treinamento de jovens do lugar para a atividade de guias, com a
distribuição de folhetos explicativos e a formação de pontos de apoio ao longo
dos locais de visitação. Certamente, o administrador público que tomar essa
iniciativa ficará lembrado como um benfeitor.
Pense no assunto, Exmo. Senhor Prefeito.
Atenciosamente,
Juracy de Oliveira Paixão
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