quarta-feira, 11 de maio de 2016

Fortaleza, 25 de março de 2.002


Prefeitura Municipal de Canudos
Canudos – Bahia




Exmo. Senhor Prefeito,



No mês corrente, em viagem pelo interior da Bahia, estado onde nasci, incluí no meu roteiro a cidade de Canudos.

Motivou-me essa inclusão o desejo de visitar as terras do Conselheiro, figura impar na história pátria, ainda a merecer estudo mais  esclarecedor.

Baseado na cidade de  Euclides da Cunha, parti para Canudos na manhã de oito do corrente, em companhia da minha esposa. Nossa primeira surpresa, boa e bela, foi a revoada de pássaros no trecho de estrada antes de Bendegó, sobre a caatinga verdejante.

Chegamos a Canudos por volta das 10 horas da manhã, e logo nos pusemos a procurar um guia que nos conduzisse pelas paragens históricas. Nossa segunda surpresa foi decepcionante: Não havia guia, não havia folhetos explicativos, nada existia que pudesse ser utilizado por quem, chegando àquelas paragens, tão longe e tão conhecidas, precisasse de alguma informação.

Buscamos a agência dos Correios, onde nos sugeriram   ir ao Museu Popular. Lá,  a funcionária se limitou a abrir uma sala onde alguns objetos estavam distribuídos em estantes mal cuidadas, sem nenhuma identificação. Aquela funcionária – pobre mocinha despreparada – não sabia dar, sequer, uma informação mais concisa sobre os pontos históricos.

Dirigimo-nos ao Memorial, que se encontrava fechado, embora fosse, já, 11 horas da manhã. Não havia ali ninguém para, sequer, dizer um Bom Dia.

Temeroso de perder a viagem longa e cansativa, resolvi telefonar para a Prefeitura. Atendido por uma funcionária, fui posto  em contato com alguém que se identificou como Secretário de Educação e Cultura. Pedi-lhe que me indicasse um lugar onde pudesse obter um guia e sua resposta foi: “Guia, aqui, não há. Lamento muito não poder lhe ajudar”.

Resolvemos apelar para a boa vontade dos transeuntes, o que resultou  por ficarmos informados de que podíamos ir á parede do açude, visitar o Morro do Conselheiro e nada mais. Fizemos esse roteiro, na falta de outra opção.

Na volta, nossa terceira surpresa, e boa: achamos a entrada do Parque Estadual, onde um funcionário zeloso nos deu algumas orientações. Pena que ele, sozinho, não nos pôde acompanhar na visita que fizemos ao local. Ali também faltava um folheto de orientação.

Exmo. Senhor Prefeito, é por demais sabido que uma das atividade econômicas que mais crescem atualmente é a do turismo. Essa atividade, Senhor Prefeito, exige pouco investimento material, visto que pode ser incrementada com o uso dos recursos humanos e naturais de cada região. Num sítio histórico importante como Canudos, todos poderiam lucrar se uma estrutura mínima de recepção ao visitante fosse montada, com o treinamento de jovens do lugar para a atividade de guias, com a distribuição de folhetos explicativos e a formação de pontos de apoio ao longo dos locais de visitação. Certamente, o administrador público que tomar essa iniciativa ficará lembrado como um benfeitor.

Pense  no assunto, Exmo. Senhor Prefeito.


Atenciosamente,



Juracy de Oliveira Paixão

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